Amaranthe: crítica do álbum 'Amaranthe' (2011)


Nota: 8

A comunidade do heavy metal é estranha e, muitas vezes, hilária. Rebanhos formados por marmanjos com idade mental que varia entre 6 e 12 anos, que não enxergam, na maioria das vezes, nada além do próprio umbigo, julgando como ruim qualquer coisa que não caia em seu gosto pessoal. Gosto esse, diga-se de passagem, fincado de maneira profunda no que há de mais conservador no estilo. Tudo isso faz com que qualquer grupo um pouco mais inovador ou ousado seja, instantaneamente, rotulado como ruim. Uma estupidez sem tamanho, afinal é justamente a evolução e a expressão de novas ideias que faz não só a música, mas o próprio mundo andar para frente.

Porque eu falei tudo isso? Porque essa mentalidade está sendo aplicada ao grupo sueco Amaranthe, nova sensação do heavy metal europeu e que desembarca agora no Brasil através da Hellion Records. Bem vestidos, bem apessoados e muito bem produzidos, os caras lançaram em 2011 o seu disco de estreia, um trabalho inovador e sem um mínino de receio às reações radicais da ala mais tradicional do metal.

Instrumentalmente, o Amaranthe tem elementos de death metal melódico, com as partes mais pesadas bastante influenciadas por nomes como Soilwork, In Flames e Deadlock. No outro extremo, temos passagens mais limpas que aproximam o som dos caras do pop. E, para fechar o bolo, os coros lembram o que de melhor o Avantasia produziu.

As composições têm velocidade, melodia, quebras interessantes, passagens extremas que remetem ao death metal, tudo embalado com um apelo pop que torna o disco cativante.

O maior destaque é a performance vocal dos três vocalistas. Elize Ryd (que participou da turnê brasileira do Kamelot, em 2011), Jake Lundberg e Andy Solveström fizeram um trabalho primoroso, que dá um brilho todo especial ao álbum. As vozes masculinas se alternam entre vocais limpos (a cargo de Jake) e guturais (por conta de Andy), enquanto Elize fica com os trechos mais pops. Vale mencionar que o baterista Morten Sorensen toca também na excelente banda dinamarquesa Mercenary.

Esse primeiro disco do Amaranthe é um álbum de estreia muito bom, que aponta para um futuro promissor. A turma mais conservadora do heavy metal vai detestar, mas, sinceramente, quem se importa com a opinião de jurássicos que pensam que o estilo se resume a Black Sabbath, Iron Maiden e Manowar? Ouça, vale a pena!


Faixas:
  1. Leave Everything Behind
  2. Hunger
  3. 1.000.000 Lightyears
  4. Automatic
  5. My Transition
  6. Amaranthine
  7. It's All About Me (Rain)
  8. Call Out My Name
  9. Enter the Maze
  10. Director's Cut
  11. Act of Desperation
  12. Serendipity

Comentários

  1. Sinceramente Ricardo, não precisava dizer "quem se importa com a opinião de jurássicos que pensam que o estilo se resume a Black Sabbath, Iron Maiden e Manowar"!

    Eu estou longe de achar que metal se resume a estas bandas e simplesmente não suporto Amaranthe.

    Convenhamos: Amaranthe é o Back Street Boys do Heavy Metal, banda montadinha sobre medida com compositor contratado sobre para fazer sucesso.

    Conseguiram com isso conquistar alguns fãs de 15 anos que um dia vão crescer e pensar em como podem um dia ter gostado disso.

    Descartável! Ouvi a muito tempo e não recomendo.

    Mas não vão por mim... Escutem vocês mesmos!

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  2. Falou em ousadia e inovação, me chamou a atenção. Eis o "poder" da resenha, que eu indiquei num tópico semelhante há alguns dias. Ouvi muito falar desse Amaranthe, mas rolou um preconceito, não com a inovação (que é o que sempre acho que o público deve buscar), mas com a mesmice que se tornou o âmbito do metal com vocais femininos.

    Algumas bandas inovadoras do passado se mostram extremamente perdidas, como NIGHTWISH (não se encontrou sem a TARJA, e alguma sofisticação só fui encontrar na carreira solo da própria), TRISTANIA (lançava álbuns um melhor que o outro, mesmo após a saída do Morten, mas se perdeu com as constantes mudanças de formação), SIRENIA (se perdeu após o debut e tb sofre com mudanças), o excelente STREAM OF PASSION (o último álbum é de uma mesmice básica, pouco empolgante). O (então ótimo) ELUVEITIE parece ter caído nesse caminho. O LACUNA COIL nunca pregou muito inovação, mas é precursora de um estilo. O EPICA, por fim, foi, para mim, o último sopro criativo de vida no estilo!

    Mas vou conferir esse AMARANTHE, pela boa resenha! Especialmente por concordar com o termo "jurássico" (que acredito que tenha sido usado para que é averso a inovações, e não propriamente à banda em questão).

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  3. Sim, o jurássico se refere aos avessos por coisas novas.

    O Amaranthe mistura heavy metal com pop, e por causa disso encontra resistência em uma parcela de headbangers, resistência essa mais do que esperada.

    Obrigado pelos comentários.

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  4. A Anneke van Giersbergen (ex-THE GATHERING, esqueci deles, exemplo de banda sofisticada e inovadora) vem caminhando por um pop/rock bem legal em sua carreira solo! Sua ex-banda tb se utilizou bem disso, é um estilo complicado mesmo, tem que saber lidar com o pop... a Liv Kritine, por ex, não achei que fez isso tão bem, mas ainda assim tem uma boa carreira solo!

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  5. Back Street Boys do metal? que comparação descabida. Esse disco do Amaranthe é muito empolgante, particulamente me agrada muito essas bandas que mesclam momentos mais extremos com outros mais melódicos.

    Para quem não sabe existe uma banda chamada Blood Stain Child, que faz um som mais ou menos nessa linha. Amaranthe é um disco que dificilmente vai agradar aqueles que só escutam Heavy Metal, por trazer as influencias do pop eletronico que sofre muito preconceito em geral, pelos fracos representantes que ele possui no mainstream, mas é um genero que quando bem executado gera umas músicas bem legais.

    Scobar não partilho da sua opinião no que diz respeito ao Nightwish, já que gosto dos discos que eles fizeram depois da saída de Tarja. Por outro lado concordo quando elogia a carreira solo de Anneke, que realmente faz um trabalho bem legal nessa linha.

    Para encerrar sugiro o novo disco do Lacuna Coil, que é bem superior aos antecessores: Karmacode e Shallow Life.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Eu ia deixar isso para fazer esse comentário em outra ocasião mas depois eu vi o termo "jurassico" não de para resistir.
    Sobre a banda não é meu estilo favorito até porque não gosto de bandas como Soilwork e outras do gênero e muito menos de Evanescence já que o Amaranthe pelo menos me pareceu uma versão mais pesada desta banda agora a música é lógico que não é um lixo e tem tudo para fazer sucesso mesmo e o bom disso é que abre as portas para muitas outras coisas que não aparecem.
    Mas o que incomoda nessa resenha é a sua prepotência e agressividade de achar que as pessoas são obrigadas a gostar e a concordar contigo ou caso contrário é jurassico(termo criado pela show bizz que você mesmo criticou e agora requentou e resolveu aplica-lo de maneira histérica).
    Eu também concordo com você quando você diz que o heavy metal não se reduz apenas aos medalhões que você citou o tanto que eu também busco coisas novas não só no heavy metal mas também no pop e procuro informar os meus amigos o que ando ouvindo e quando eles discordam de mim eu não os chamo de jurassicos ou burros entre outros pois é a opinião deles e eu a respeito e o mesmo acontece quando a situação se inverte.

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  8. Respeito a opinião do autor...mas parece que o blog anda fazendo uma caça as bruxas as bandas antigas com termos pejorativos que acho eu não deveriam figurar nesse blog, pois para achincalhar o metal já temos a grande midia!Se tais bandas viraram medalhões é porque realmente a sua música tem relevância até os dias atuais!Gosto de descobrir bandas novas e pesquiso muito, mas não preciso destruir o passado em nome da modernidade..afinal de contas não adianta ter roupinhas da moda,atitudes descoladas e afinações baixas..tem que ter qualidade!E esses comentários pejorativos se mostram tão ou mais radicais que o comportamento " cabeça fechada" apregoado pelo blog ao pessoal que curte metal

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  9. Não estou fazendo uma caça às grandes bandas, até porque sou grande fã delas e elas fizeram por merecer chegar onde chegaram e estar onde estão. Que isso fique bem claro!

    O que eu estou fazendo é dar uma cutucada não nas bandas, mas sim naquelas pessoas que pensam que o metal se resume aos mesmos nomes de sempre. Tem muita coisa legal rolando por aí, e eu acho um desperdício ficar ouvindo sempre os mesmos nomes.

    Essa é a minha opinião.

    Abraço, e obrigado pelo comentário.

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  10. Concordo com a opinião de alguns comentários. Está ocorrendo um uso excessivo do termo jurássico de forma pejorativa.

    Não precisa abandonar o passado para o curtir o moderno. Desde que o moderno seja bom! :-)

    Agora, voltando ao Amaranthe, penso que em 2 anos ou menos, o Ricardo vai abandonar esse CD e nunca mais escutar assim como fez com o "Better Than Raw".

    Essa banda não passará pelo teste do tempo. Minha opinião!

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  11. Ricardo, opinião de quem acompanha (e participa) do blog há algum tempo: concordar e discordar sobre assuntos musicais é normal e é uma das coisas mais legais de se amar música, poder trocar idéias e opiniões com outras pessoas e amigos. Gosto e admiro que você tenha peito pra dar sua opinião sobre asssuntos polêmicos, inclusive foi um dos motivos que me fizeram começar a ler seus textos (já que acho que falta mais disso na imprensa em geral) mas acho errado botar isso - nos últimos posts de forma um pouco agressiva - como uma verdade absoluta, como um Régis Tadeu da vida (que conhece muito de música, mas que também manda umas bolas foras bizarras... como qualquer um, só que se acha certíssimo sempre).

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  12. Vira e mexe estou discordando do Ricardo em alguns posts, mas compará-lo ao Regis Tadeu é foda, aquele cara é a prepotência em pessoa!

    No caso dessa resenha, aplaudo o autor, pois a mim ficou muito claro que ele disse que quem rejeita TODA E QUALQUER inovação é jurássico - e esse é um termo pra lá de EDUCADO, ele não usou nenhum dos termos típicos de baixo calão que um Régis, por ex, usa!

    Agora, então, tirando os eufemismos, estou dizendo que quem não concorda comigo é burro? NÃO é isso, absolutamente! Mas vocês estão vestindo uma carapuça que talvez nem seja de vocês (pela "defesa" que fizeram de si mesmos, creio que não seja). Mas é inegável que uma parcela grande, ENORME, que talvez nem frequente este blog, REJEITA de pronto bandas com uma proposta minimanete diferenciada, isso é fato! É o que mais vemos por aí!

    O público metal é classicamente fechado e tacanho... o que não quer dizer que estou me incluindo fora dele, mas temos que dar esse tipo de recado CONSTANTEMENTE, justamente para mudá-lo como um todo!

    Agora, voltando novamente: quem disse que minha visão é "certa"? Não sei, não é, ninguém pode dizer isso. Mas tenham certeza: o pensamento contrário é o que decretará (como muitos já decretam) a MORTE do estilo!

    O Motorhead não vai lançar os mesmos álbuns para sempre, e se o Amaranthe (que nem ouvi direito ainda pra saber se é inovador ou não, ams nem achei que é) não é a salvação do Metal, NO MÍNIMO faz parte de uma safra, AMPLA e PRODUTIVA, em diversas ramificações, que É SIM sua salvação e renovação!

    Por fim, ningupem mandou parar de ouvir Black Sabbath, Iron, etc. O problema é achar que a música parou neles. Citá-los como sendo de uma época criativa que nunca mais se viu (sendo que se viu e SE VÊ, nos 80's, 90's, 00's, 2011, 2012...). Ou, o PIOR, aplaudir bandas que chegam HOJE tentando repetir a fórmula DELES, pensamento que acho o mais tacanho de todos!!!

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  13. Bom, vamos lá... minha crítica (construtiva) foi apenas um toque ao Ricardo em relação aos outros leitores do blog. Não me senti "insultado" e nem me sentiria, mesmo que me enquadrasse no que foi chamado de "jurássico" (e definitivamente não passo nem perto disso).

    Mas vejo que outras pessoas se sentem ofendidas às vezes e entendo as razões delas: só disse porque acho que existem maneiras de dar uma opinião, mesmo as mais ousadas e controversas, de uma maneira que não "insulte" ninguém, até porque acredito que esse não seja o objetivo. Não estou falando desse post do review do CD especificamente - e sim dos textos em geral de uns tempos pra cá.

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  14. Só agora atentei para a "polêmica" rolando no tópico da reunião Black Sabbath... é por isso que vocês estão dizendo que o blog anda meio "radical"?

    Bom, pelo que entendi, lá ele usou a expressão "fã cego e burro", o que despertou a ira de quem "ficou do lado" do Bill Ward, é isso? Eu não me posiciono, porque, na boa, nem ligo para essa reunião, só queria um show no Brasil, eventualmente conferiria o álbum, mas não é o que mais me interessa na cena metálica... na verdade, o estado do Iommi é que mais importa!

    Mas, concordo que "cego e burro" é bem Regis Tadeu. Só boiei porque, no caso DESTE tópico o termo "jurássico" não reflete ofensa alguma. Antes fosse apenas uma palavra mal colocada por um blogueiro. Mas NÃO, é a pura realidade da cena, desde SEMPRE! Pois então repito que sim, quando se trata de inovação e renovação do estilo, temos que ser incisivos! Temos, precisamos! Para outros assuntos, porém, pode ser evitado...

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