Orange Goblin: crítica de 'A Eulogy for the Damned' (2012)


Nota: 9

Após cinco anos de silêncio, o Orange Goblin está de volta. A parada fez bem ao quarteto. O intervalo entre Healing Through Fire (2007) e A Eulogy for the Damned rejuvenesceu o som da banda, característica essa que faz do novo álbum um dos melhores da carreira do grupo.

Um dos maiores ícones do stoner, o Orange Goblin afasta-se do gênero em seu novo trabalho. O que temos aqui é um disco de heavy metal, rock pesado ou, simplificando, pauleira mesmo, simples e eficiente. O distanciamento do stoner se dá através de uma presença bem menor de elementos doom e psicodélicos, substituídos por características mais “metálicas” que tornaram o som mais conciso, direto e eficiente.

As influências principais continuam, com a banda não negando, em nenhum momento, o débito que tem com gigantes como Black Sabbath e Motörhead. Riffs pesados e gooves gordurentos permeiam todo o disco, com os caras dando um passo além de tudo o que já produziram antes.

Merece atenção especial o excelente trabalho do baixista Martyn Millard, com linhas criativas e sempre dobrando a guitarra de Joe Hoari, o que torna o som ainda mais pesado. Millard é a âncora da banda, uma espécie de Steve Harris montado em uma Harley Davidson e vestido de couro da cabeça às pés, em quem a música do Orange Goblin se sustenta.

O play está repleto de ótimas composições. O primeiro single, “Red Tide Rising”, é uma delas, despejando riffs e agressividade sem o menor traço de refinamento. “Acid Trial”, “The Fog”, a monolítica “Death of Aquarius” e “Bishop's Wolf” mostram a categoria habitual do grupo, porém duas canções se sobressaem em todo o tracklist. “Save Me From Myself” é um hard blues sensacional que faz o Orange Goblin soar como uma versão mais pesada do Lynyrd Skynyrd, com direito até a sutis intervenções de órgão. E a faixa-título, uma odisséia cósmica e intensa com mais de sete minutos de duração, que fecha o disco em alto estilo.

Sem abrir mão do seu passado e encarando novas possibilidades, o Orange Goblin fez de A Eulogy for the Damned um excelente álbum, que está lado a lado com Time Travelling Blues (1998) e Coup de Grace (2002) como os pontos altos da sua consistente discografia.


Faixas:
  1. Red Tide Rising
  2. Stand For Something
  3. Acid Trial
  4. The Filthy and the Few
  5. Save Me From Myself
  6. The Fog
  7. Return to Mars
  8. Death of Aquarius
  9. Bishop's Wolf
  10. A Eulogy for the Damned

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